Há alguns anos as instituições militares vem sendo desafiadas a repensar o valor e o lugar da mulher num ambiente predominantemente masculino. Flores e chocolates não simbolizam necessariamente a luta pela urgente mudança no comportamento da sociedade no que diz respeito ao reconhecimento às conquistas por elas alcançadas. Mais do que isso, é preciso fomentar o debate sobre assuntos nem sempre tão confortáveis para o universo masculino e ressaltar a força da mulher nos lugares mais inusitados.
O Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG) tem se esforçado para quebrar paradigmas e comemorar a data sob uma ótica muito mais reflexiva que festiva. Afinal, muito já foi alcançado, mas ainda existe uma longa estrada a ser percorrida para garantir que as próximas gerações de mulheres bombeiras encontrem um caminho mais respeitoso e seguro.
As unidades da capital e do interior investiram em belas homenagens para as bombeiras, que há quase trinta anos se dedicam bravamente nas mais diversas áreas de trabalho da corporação. Cada unidade, a seu modo, se esforçando para retratar e enaltecer, por meio de vídeos, live e peças gráficas, as qualidades e habilidades dessas mulheres que doam-se integralmente a missão.
Mas é certo que cada uma delas deseja, muito mais que qualquer homenagem, ser reconhecida e respeitada em seu local de trabalho. Então, o desafio vale para todos bombeiros militares, no sentido de refletir sobre os desafios por elas enfrentados e assumir a responsabilidade de lutar junto a elas para que alcancem um ambiente mais adequado de trabalho.
E é na rotina do dia a dia que elas provam seu valor. A exemplo do que ocorreu hoje, no 2° Batalhão de Bombeiros Militar (2º BBM), em Contagem, onde novamente tivemos a formação de um plantão operacional integralmente feminino. Rememorando o ano de 2019, primeira vez em que todas as ocorrências foram atendidas pelas mulheres, desde a tripulação de viaturas aos combates de incêndio e demais atendimentos ordinários.
O plantão expõe, mais uma vez, a capacidade e a importância das mulheres no contexto do CBMMG, além de contribuir para uma aproximação de toda tropa feminina do batalhão. Algo inimaginável há alguns anos, hoje se torna realidade no CBMMG, mostrando que assim como os homens, as mulheres também são capazes de exercer tarefas complexas e de liderança. E mais do que isso, mostrando como a integração de mulheres e homens pode tornar a corporação num lugar cada vez mais coerente com a realidade que o mundo necessita.
No Dia Internacional da Mulher, o Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais deseja que todas as mulheres da corporação e também fora dela sejam respeitadas, amadas e valorizadas em seus respectivos locais de trabalho, no lar ou em qualquer outro ambiente que estejam.
Mulher é promovida por ato de bravura pela primeira vez na história da Corporação
Em dezembro de 2020, a história da sargento Annie Caroline ficou conhecida em todo o estado e em várias partes do país. Ela ganhou notoriedade por ser a primeira militar, na história do CBMMG, a figurar na lista de promovidos por ato de bravura.
O maior reconhecimento que um militar pode receber em função de uma ação exitosa é a denominada "promoção por ato de bravura". É a forma suprema de aclamar o militar que, de maneira consciente e voluntária, com evidente risco à vida, tenha praticado ação cujo mérito transcenda em valor, audácia e coragem. A concessão desse tipo de reconhecimento é tão singular que, em um universo aproximado de 6 mil integrantes, costumam ocorrer, em média, apenas duas promoções desse tipo por ano.
Diante do caos que se instalou na cidade de Raposos, em decorrência das fortes chuvas, no dia 24 de janeiro de 2020, a militar que estava de folga e com a ajuda do pai, que é capitão da reserva, atuou corajosamente no salvamento de seis pessoas que ficaram ilhadas no terraço de uma casa, correndo risco de morrerem, em decorrência da inundação que atingiu a região. Com a utilização de um colchão inflável, as seis pessoas foram resgatadas com vida, incluindo uma pessoa acamada, devido à cirurgia recente, e um cadeirante, em uma ação que colocou em risco a própria vida da militar.
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