CBMMG e a atuação em ocorrências envolvendo produtos perigosos

Início / Notícias Criado em: 24-08-2021 às 15h:28

Dentre as várias ações de atendimento de ocorrências em nosso estado, o Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG) atua diretamente em chamados envolvendo produtos perigosos. O transporte desses produtos pelas estradas, a forma de armazenamento e o manuseio incorreto podem causar acidentes que exigirão que os militares executem os procedimentos de forma precisa, especialmente considerando que os danos oferecidos às pessoas e ao meio ambiente podem ser irreversíveis.

Para atuar no atendimento a essas ocorrências de produtos perigosos, o CBMMG conta com militares e equipamentos especializados do Batalhão de Emergências Ambientais e Resposta a Desastres (Bemad), por meio do trabalho dos militares pertencentes ao Pelotão de Operações Químicas, Biológicas, Radiológicas e Nucleares (PQBRN). Esse trabalho é desenvolvido para minimizar os riscos que podem surgir e afetar a saúde humana, bem como provocar danos a fauna e flora.

Diariamente, as equipes do PQBRN passam por instruções teóricas e práticas, com o intuito de desenvolver e potencializar as ações ligadas aos procedimentos durante o atendimento das ocorrências. A parte teórica aborda diversos assuntos como normas e legislações referentes ao armazenamento e transporte de material perigoso, atendimento de ocorrências com produto não identificado, combate a incêndios em líquidos inflamáveis, além de emergências de grande vulto envolvendo armas químicas de destruição em massa.

A parte prática envolve e aborda diversos assuntos como simulados de ocorrências nas quais existe o extravasamento de produtos perigosos, uso e manuseio dos equipamentos de proteção individual (EPI), montagem da estrutura do corredor de descontaminação, entre outras oficinas.

Os impactos gerados dos vazamentos de produtos químicos são muito extensos, principalmente em relação aos fatores relacionados ao meio ambiente, que pode levar anos para se recuperar. O principal problema dos vazamentos de produtos perigosos é a questão da contaminação das águas e a penetração no solo. Ainda que o local do vazamento esteja afastado de rios ou lagos, uma vez que o material líquido penetra no solo, é possível que os lençóis freáticos sejam atingidos.

Quando o vazamento de algum produto perigoso atinge rios e lagos, pode haver contaminação dos leitos e impactos para os seres humanos e para espécies locais, como a vegetação aquática e os peixes.

As diversas cargas de produtos perigosos podem conter material que oferecem riscos de natureza radioativa, biológica e nuclear, que podem ser identificadas, por exemplo, no painel de segurança e no rótulo de risco em veículos transportadores de produtos perigosos. Esses rótulos possuem cores que estão relacionadas com as características de periculosidade das substâncias:

Amarelo = Oxidante
Branco = Tóxico
Verde = Gás não inflamável
Vermelho= Inflamável
Laranja = Explosivo

A equipe do PQBRN vem atuando em ocorrências distintas e que necessitam de um planejamento específico. Durante um dos períodos mais críticos da pandemia, os militares atuaram no Hospital de Campanha, implantado pelo governo do estado para atender os pacientes que foram afetados pela covid-19 ou com suspeita de contaminação. As equipes planejaram um protocolo criterioso de segurança para que todo o ambiente do Hospital de Campanha realizasse os atendimentos aos pacientes sem o risco de contaminação, tanto nas estruturas físicas do local, quanto em relação aos profissionais de atendimento.

Ainda relacionado às ações de combate à pandemia do coronavírus, o PQBRN atuou em treinamentos com outras unidades do CBMMG na capital e no interior do estado, realizando instruções de descontaminação em locais de grande concentração de público, como terminais de ônibus, rodoviárias, hospitais, instruções a toda à tropa em relação aos atendimentos em ocorrências com vítimas com suspeitas de contaminação, e as formas de atuação das guarnições e viaturas quando do seu deslocamento para os quarteis.

Como exemplo, o preparo técnico das equipes do PQBRN foi essencial no atendimento a uma ocorrência em novembro do ano passado (2021), na qual um senhor acabou se afogando ao tentar fazer a travessia em um lago conhecido como Lagoa Azul, que fica localizado na região metropolitana de Belo Horizonte, cujo o acesso era proibido para nado.

Como a água do lago era contaminada, os bombeiros precisariam então de equipamentos adequados para prosseguir com a missão. Além dos militares dos Batalhões da capital, que empenhou 13 bombeiros, a operação contou com a equipe do PQBRN.

Infelizmente, quando o Corpo de Bombeiros foi acionado, a vítima, que estava alcoolizada e tentou fazer a travessia da cava, já estava desaparecida nas águas, mas para o resgate do corpo foi necessário estabelecer uma operação especializada, com a aplicação de técnicas de busca e recuperação em águas contaminadas por meio do sistema de mergulho dependente com traje seco.

A partir daí foi definido o ponto de entrada e a preparação do militar, com a devida paramentação do sistema de mergulho dependente para águas contaminadas, para iniciar o mergulho e a recuperação do corpo. Por meio de uma busca em ziguezague, em coordenação com a equipe que estava no barco com a fonia na superfície da represa, foi feita a recuperação do corpo da vítima após 1 hora e 40 minutos ininterruptos de mergulho, procedendo com o acionamento da Polícia Civil para os devidos procedimentos.

Ao final da operação, os militares que tiveram acesso às águas contaminadas passaram pelo corredor de descontaminação, montado pela equipe do Pelotão de Operações com Produtos Químicos, Biológicos, Radiológicos e Nucleares (PQBRN), garantindo assim a segurança e integridade dos envolvidos.

Sobre o equipamento

O equipamento de mergulho dependente é constituído por: cilindros de mergulho, maleta de controle de ar, rádio, umbilical e capacete de mergulho profissional e roupa seca. Sistema este fundamental para mergulhos em águas poluídas.
A roupa seca é uma vestimenta de proteção individual, utilizada para mergulho, que diminui substancialmente o contato do meio externo com o meio interno. Ou seja, provoca o isolamento do mergulhador com o meio.
Além de evitar o contato com substâncias contaminadas, a composição da roupa garante a impermeabilização, mantendo assim a temperatura do mergulhador, evitando hipotermia em grandes profundidades ou longos períodos de exposição na água, reduzindo drasticamente a possibilidade de doenças descompressivas e contaminações químicas e biológicas.

O chamado “cordão umbilical” permite fazer a conexão bem como a troca dos cilindros na superfície com o capacete, evitando que o mergulhador necessite subir ou interromper a busca, otimizando o tempo da missão.
Já o equipamento de fonia (rádio) permite a comunicação estável por meio de cabeamento, garantindo maior e melhor tempo de interlocução com a equipe que está na superfície, funcionalidade essencial na atividade de mergulho.

O sistema, que gera maior autonomia, otimiza o tempo e gera mais segurança para os militares, sendo o único no mundo que assegura o mergulho de forma inviolada dependendo do nível de contaminação da água.
O CBMMG destaca a grande importância de atualizar a tropa em relação aos atendimentos, ao uso dos equipamentos, e a prevenção dos riscos inerentes as ocorrências envolvendo produtos perigosos.