Evento ocorreu durante o Setembro Amarelo e reforçou a importância da prevenção ao suicídio e do compromisso social das instituições públicas

Aconteceu na última semana de setembro, no Centro Cultural Usiminas em Ipatinga, o Simpósio TEA Vale do Aço, reunindo especialistas nacionais e regionais para debater práticas de inclusão, saúde e políticas públicas voltadas ao autismo e demais condições neurodivergentes. O evento também marca um passo relevante para o Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG) e a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), instituições que têm apoiado a participação de seus militares em programas de formação continuada, permitindo que busquem capacitação especializada com o objetivo de prestar atendimentos mais sensíveis, humanos e eficazes à população neurodivergente.

Na abertura a palestrante Dra. Carolina Quedas mencionou a relevância da participação das instituições no evento, parabenizando pelo interesse, visto que, como palestrante, seria a primeira vez que vê essa participação para humanizar o atendimento ao público alvo.

Capacitação e serviço público

O cotidiano operacional de bombeiros e policiais frequentemente os coloca diante de situações que envolvem pessoas com condições neurodivergentes — como o Transtorno do Espectro Autista (TEA) — em momentos de crise. Para lidar com essas ocorrências de maneira adequada, torna-se fundamental compreender características específicas de comunicação, comportamento e sensibilidade sensorial desses indivíduos.

O apoio do comando das corporações à formação de seus militares demonstra um alinhamento com políticas preventivas e com a preocupação de aprimorar a qualidade do serviço público prestado à sociedade. Trata-se de uma estratégia que, além de reduzir riscos em situações de emergência, contribui para fortalecer a confiança da comunidade nas instituições.

Saúde pública, neurodivergência e Setembro Amarelo

Pesquisas internacionais apontam que pessoas autistas apresentam índices significativamente mais altos de sofrimento psíquico: uma meta-análise recente estima a prevalência de 34,2 % de ideação suicida e 24,3 % de tentativas de suicídio em indivíduos autistas, valores muito superiores aos da população geral (Cassidy et al., Molecular Autism, 2023).

Essas evidências reforçam que a capacitação de militares não é apenas um investimento em eficiência institucional, mas sobretudo uma estratégia de saúde pública, diretamente vinculada à campanha do Setembro Amarelo, que alerta para a prevenção do suicídio e para a valorização da vida.