A atividade de combate a incêndios em vegetação envolve uma complexidade de riscos para bombeiros, brigadistas e voluntários. Exatamente por isso, não deve ser feita sem o devido treinamento e requer o uso de técnicas e uniformidade de linguagem nos procedimentos operacionais para evitar acidentes e até mortes.
Durante um combate a incêndio no Parque Serra do Rola Moça nesta quinta-feira (23), dois brigadistas ficaram feridos durante a atividade. Ao passarem por uma cerca e encostarem num arame farpado, eles sofreram um choque. O fogo tinha atingido uma linha de transmissão e o local foi revestido por uma descarga elétrica. Os brigadistas foram socorridos e passam bem.
O caso chama a atenção para um estudo publicado em nossa intranet nesta semana que trata exatamente do risco de combater incêndios próximo a linhas de transmissão. O Procedimento Operacional Padrão (POP) contém informações essenciais para este tipo de ação e visa a proteção dos combatentes com a utilização de equipamentos como uma caneta detectora de tenção acoplada ao capacete que apita e pisca ao detectar tenção.
O equipamento evita que o militar atravesse uma cerca energizada ou trabalhe próximo a um cabo rompido ou mesmo debaixo de uma linha de transmissão sem que ele saiba de onde está vindo o risco.
Combate a Incêndio em Vegetação Próximo a Linhas de Transmissão de Energia Elétrica – CILT
Sobre o objetivo do estudo:
O combate a incêndio em vegetação é uma atividade que possui riscos inerentes às características mutáveis e em constante transformação no Teatro de Operações e este POP pretende orientar o Combate a Incêndio em vegetação próximo a Linhas de Transmissão de energia elétrica; reduzir o risco de acidentes com eletricidade em operações de CILT e auxiliar na produção de Plano de Ação para o CILT. Destaque para alguns pontos importantes do POP:
Riscos potenciais
Cabos e estruturas de transmissão de energia elétrica (CETEL): compreende os postes de madeira ou de concreto, torres metálicas, cabos condutores de energia, cabos de aço para estiamento das estruturas e demais componentes (isoladores, transformadores, etc).
Segurança
Distância mínima de segurança: é o afastamento de 8 metros, a partir dos CETEL, utilizando como referência o que estiver mais próximo do observador (verificar em todas as direções - 360º), independente da tensão da rede (voltagem).
Procedimentos não recomendáveis:
- NÃO realizar ACEIROS manuais e mecânicos próximo aos CETEL;
- NÃO lançar água na direção dos CETEL, em operações terrestres ou aéreas;
- NÃO lançar água na vegetação que estiver em contato com a estrutura/cabos de energia, principalmente, se estas estiverem em chamas;
- NÃO instalar o Posto de Comando (PC), estacionar viaturas, reunir pessoas ou definir rota de fuga próximo ou sob os CETEL;
- Monitorar constantemente se há cabos de transmissão de energia caídos ao solo, devido ao risco do contato direto e choque elétrico à distância, por meio da “tensão de passo”;
- Considerar todos os cabos de transmissão, caídos ao solo ou atrelados às estruturas de transmissão, como energizados; g) manter a distância mínima de segurança (8 metros) de qualquer CETEL que tenha uma frente de incêndio ativo sob os cabos e estruturas;
- Avaliar o risco, o custo-benefício e os possíveis danos à vida e ao patrimônio, antes de iniciar o CILT.
Estratégias de combate
- Nunca menosprezar a presença de CETEL na área de atuação, considerando risco decorrente para o melhor planejamento e execução do CILT;
- Sempre cumprir os limites de segurança apresentados neste POP e as demais precauções listadas no item 3; c) prefira combater a linha do incêndio após o fogo se afastar dos CETEL;
- Contraindique o emprego de meios aéreos de combate próximo a CETEL; e) não crie linha de CONTRAFOGO que avance em direção aos CETEL, exceto em caso de extrema necessidade de proteção imediata de vidas humanas;
- A melhor técnica de ataque (direto, indireto ou combinado) será a que oferecer a maior segurança às pessoas no Teatro de Operações: escolha sempre por ações conservadoras perante o risco de choque elétrico.
Importante destacar que este estudo é fruto da dedicação e empenho de nossos militares, com vistas a atualizar os conhecimentos dos bombeiros que estão na ponta. Se atentar aos protocolos de combate a incêndio em vegetação é a melhor forma de evitar acidentes e ferimentos e ainda manter um padrão de atuação que proporcione segurança para toda a equipe em campo.